Juliano Tattoo comenta os limites da Tatuagem
O tatuador Juliano Tattoo comenta sobre os desafios éticos e inovações na busca por uma experiência sem dor
Nos últimos anos, a indústria da tatuagem experimentou um aumento significativo na busca por métodos que minimizem a dor associada ao processo de tatuar. Uma prática que tem chamado a atenção é o uso de anestesia geral durante as sessões de tatuagem. O uso de anestesia pode trazer benefícios no sentido de reduzir a sensação de dor, porém, envolve a perda total da consciência e especialistas em saúde advertem sobre os perigos associados a essa prática em procedimentos não cirúrgicos.
Atualmente, muitos artistas estão escolhendo esse método para fazer tatuagens grandes, entretanto, a anestesia geral traz consigo riscos significativos, como reações adversas a medicamentos anestésicos, complicações respiratórias e cardiovasculares, recuperação prolongada, os pacientes muitas vezes passam efeitos colaterais como confusão e sonolência pós-anestésica.
À medida que a indústria da tatuagem evolui e as preferências dos clientes se transformam, a comunidade de tatuadores enfrenta a responsabilidade de equilibrar a inovação com a preservação dos valores fundamentais da arte corporal.
Juliano Tattoo é tatuador há 22 anos e atualmente atende em estúdio próprio na Flórida, EUA. Especialista em traços geométricos e tribal polinésio, o tatuador possui experiência com tattoos grandes que demandam longas sessões e conta que recebe muita demanda de sessões de tatuagem com uso de anestésicos. “Muitos clientes me procuram com a ideia de se tatuar sob efeito anestésico, mas eu sempre nego, vou sempre optar pela segurança do meu cliente. Toda vez que surge algo inovador, como a anestesia geral, por exemplo, que está em alta, eu procuro um especialista no assunto para me informar e decidir se vou aderir ou não ao que está em alta. Nesse caso, eu definitivamente não indico anestesia geral para fazer tatuagem e não sou adepto da mesma”.
A regulamentação em torno do uso de anestesia geral em tatuagens ainda não é universal. Segundo a Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA), “A SBA não recomenda o uso de qualquer tipo de anestesia para tatuagem. Reiteramos que a segurança da anestesia está relacionada a ser administrada por um profissional médico com especialização em anestesiologia”. Os tatuadores estão divididos quanto ao uso de anestesia. Alguns veem a anestesia geral como uma ferramenta legítima para melhorar a experiência do cliente, e outros, argumentam que a busca pela comodidade do cliente não deve comprometer a segurança e a integridade do processo de tatuagem.
“O efeito da anestesia geral é no cérebro, bloqueando os impulsos nervosos de dor e reduzindo ações motoras e respostas hormonais. Trata-se de um procedimento seguro, por ser obrigatório o monitoramento completo do paciente, porém não está isento de riscos. Uma das técnicas de anestesia geral é a medicação por veia e o paciente pode ter alguma reação anafilática e, se não estiver sendo seriamente monitorado, pode sim vir a óbito”, comenta o tatuador Juliano sobre os possíveis riscos da anestesia geral durante uma sessão de tatuagem.
“Não sou contra a anestesia geral na tatuagem, sou contra tudo que traz risco ao cliente, ainda mais quando há um risco iminente de óbito”, conclui o tatuador.